Um dirigente do PT tocou o telefone para parlamentares do
partido, no final de semana, para sugerir o uso das revelações mais recentes da
Lava Jato como munição na guerra política contra “o governo golpista” de Michel
Temer. Classificou de “bombástica” a acusação de que Eduardo Cunha e Geddel
Vieira Lima, íntimos de Temer, trocavam empréstimos da Caixa Econômica por
propina. Um dos destinatários da sugestão indagou: “A farra ocorreu na gestão
da Dilma, esqueceu?”
Os petistas sentem um
prazer quase orgástico cada vez que a Polícia Federal e a Procuradoria penduram
um amigo de Temer nas manchetes de ponta-cabeça. Mas a maioria silencia para
não passar a vergonha de ter de explicar por que os inimigos de hoje plantaram
bananeira dentro dos cofres públicos durante os governos do PT. A Lava Jato
tornou a corrupção um fenômeno tão abrangente que a ética virou um valor órfão
na política.
Nunca um escândalo teve
tantos cúmplices. Considerando-se tudo o que os investigadores já jogaram no
ventilador, a desfaçatez foi generalizada. Tudo muito deplorável. Mas quase
ninguém no universo da política pode dizer isso sem ruborizar a face. Não há
mais inocentes em Brasília, só comparsas. (O Povo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário