O
tratamento dispensado a Lula pelo Supremo Tribunal Federal é parte de um
movimento que visa deter os efeitos da Lava Jato sobre a nata da oligarquia
política. Beneficiário do adiamento do cumprimento da pena de prisão, o
condenado do PT tornou-se um degrau na escalada para delimitar os efeitos da
operação anticorrupção sobre o futuro penal de personagens como o denunciado
Michel Temer e o investigado Aécio Neves.
Suprapartidária, a articulação envolve a revisão da
jurisprudência que permitiu a prisão de condenados na segunda instância do
Judiciário. Na Suprema Corte, magistrados com vínculos partidários se unem a
ministros que se apegam às noções dogmáticas do conceito de presunção da
inocência para reverter a regra sobre prisão, protelando o início da execução
das sentenças pelo menos até o julgamento de recursos ajudados no Superior
Tribunal de Justiça.
A permissão para que os condenados recorram em liberdade até a
terceira instância do Judiciário, movimento de aparência banal, reintroduz no
processo penal brasileiro dois vocábulos nefastos: prescrição e impunidade.
Conselheiro de Michel Temer e amigo de Aécio Neves, Gilmar
arrependeu-se do voto proferido há 17 meses. Hoje, ele bate bumbo pela inclusão
do STJ na equação, posição também defendida pelo ministro Dias Toffoli. Junto
com o decano Celso de Mello e o ministro Marco Aurélio Mello, Gilmar cobra de
Cármen Lúcia, a presidente do Supremo, a inclusão na pauta do plenário de duas
ações diretas de constitucionalidade que tratam da prisão em segunda instância.
Cavalgando-as, os críticos da execução antecipada das penas devem redefinir a
jurisprudência atual, já desrespeitada por parte do STF.
No instante em que o Supremo retirar do caminho dos corruptos o risco da prisão em segunda instância, o inferno do primeiro grau, onde atuam juízes diabólicos como Sergio Moro e Marcelo Brettas, passará a ser visto como um portal para o o paraíso que oferece aos criminosos a possibilidade de recorrer soltos até a prescrição dos seus crimes.
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